Exames de medicina nuclear auxiliam diagnósticos
de cardiologia
A Medicina Nuclear é uma especialidade médica que auxilia no diagnóstico e
tratamento dos mais diversos tipos de doenças.
Os exames de imagem da Medicina Nuclear, chamados de Cintilografia, permitem a
visualização de órgãos em seu aspecto funcional, aplicando uma pequena dose de
um radiotraçador que é levado ao local específico através de suas propriedades
químicas e biológicas. Os procedimentos são seguros e com exposição radiológica
igual ou menor aos demais métodos de diagnóstico que envolvem radiação com
raios-X.
Desde o último mês, com a instalação de uma nova máquina, a clínica Nuclearmed
ratificou Criciúma ainda mais como referência na saúde. Através do SPECT/CT, o
primeiro equipamento híbrido multipropósito do Estado, que fornece informações
funcionais e anatômicas dos órgãos do corpo humano ao mesmo tempo (“exame dois
em um”). O SPECT/CT de uma só vez identifica e quantifica a alteração do
funcionamento celular e demilita de forma específica a localização da anomalia.
Atualmente médicos de especialidades como Cardiologia (coração), Oncologia
(tumores), Nefrologia e Urologia (rins e bexiga), Neurologia (cérebro e
medula), Endocrinologia (tireóide) Ortopedia e Traumatologia (ossos, articulações
e próteses), dentre outras, são os que mais utilizam os exames de diagnóstico
por imagem da Medicina Nuclear.
Na área de Cardiologia, a cintilografia tomográfica (SPECT) da perfusão
miocárdica associada à radiografia tomográfica (CT) possue maior sensibilidade
e especificidade, umas vez que elimina eventuais distorções e aumenta a
qualidade da imagem.
Para os exames de cardiologia, a Nuclearmed conta com uma equipe médica que
inclui o Cardiologista Dr. André De Luca dos Santos que disserta sobre
Cintilografia Miocárdica no texto a seguir.
Cintilografia Miocárdica: O brilho que vem do coração
A Cintilografia Miocárdica é um exame realizado através de injeção de material
radioativo, específico para uso médico, que quando combinado a um agente
químico, possui a capacidade de ligar-se temporariamente o músculo cardíaco
emitindo um brilho que é captado por uma máquina, chamada câmara de cintilação
(diferentemente do que acontece em uma máquina de Raio X, por exemplo, onde a
radiação é emitida pelo aparelho). O exame permite identificar alterações da
perfusão sanguínea miocárdica (irrigação das paredes do coração), sendo que a
principal causa de déficit de suprimento sanguíneo é a aterosclerose (placas de
gordura nas artérias do coração). Dessa forma, pode diferenciar entre um
entupimento parcial das artérias do coração, que cause falta de circulação em
uma região delimitada (isquemia) ou identificar uma área onde já não há mais
circulação, como no caso de um infarto antigo do coração, onde há a formação de
uma cicatriz (também chamada de fibrose). São realizados protocolos para estudo
da perfusão do miocárdio com estresse físico (teste ergométrico) ou
farmacológico em comparação com a perfusão em condições basais (repouso). Ambas
as modalidades de estresse (físico e farmacológico) possuem sensibilidade e
especificidade semelhantes, ou seja, a mesma capacidade de excluir ou confirmar
a presença de isquemia miocárdica (falta de circulação nas paredes do coração).
A vantagem do teste ergométrico está em fornecer informações extras sobre o
desempenho cardíaco, por este motivo deverá sempre ser preferido, porém as
pessoas que por alguma razãonão podem ser submetidas à prova de esforço
(limitação ortopédica, idosos sedentários, obesos graves, doenças pulmonares
limitantes) não terão prejuízo em relação ao diagnóstico de isquemia.
O exame poderá ser realizado no chamado protocolo de um dia, onde as etapas de
repouso e estresse ocorrerão no mesmo dia, ou então, no protocolo de dois dias
(como diz o nome, as etapas de repouso e estresse são realizadas em dias
distintos), sendo que este último protocolo é preferido, pois pelo maior tempo
disponível, apresenta uma melhor quealidade nas imagens obtidas. O exame tem um
papel bem estabelecido dentro do arsenal de exames cardiológicos, sendo que
suas principais finalidades são: diagnóstica (identificar ou excluir
problemas), acompanhamento evolutivo (após uma cirurgia de revascularização ou
uma angioplastia, por exemplo) e estratificação de risco e prognóstico. Esta
última em particular é de grande importância, pois já é um conceito
estabelecido através de vários estudos estatísticos que diante de um exame
normal, a probabilidade de uma pessoa vir a apresentar eventos cardíacos
(infarto ou morte por causa cardíaca) em um ano é menor do que 1% na população
geral e que mesmo os pacientes que já possuem doença coronariana conhecida, com
um exame normal, a probabilidade de complicações é de aproximadamente 2,1% ao
ano. O oposto também é verdadeiro, ou seja, quanto mais extensos e intensos
forem os defeitos de perfusão, maior a chance de esta pessoa apresentar um
infarto ou morte por causa cardíaca.
Sexo Feminino
Apesar das mulheres serem melhores do que os homens em quase tudo,
infelizmente, quando o assunto é coração elas são sim o sexo frágil. Não estou
falando do ponto de vista emocional, mas em relação à doença cardiovascular.
Por muitas décadas, havia o conceito de que infarto do coração era uma doença
relacionada ao sexo masculino. Hoje, se sabe que as mulheres também são
suscetíveis ao desenvolvimento de doença arterial coronariana (DAC),
porém, 10 a
15 anos mais tarde em relação à população masculina.
Uma vez diagnosticada, a
DAC tem prognóstico pior na mulher comparado ao homem. Após infarto do
miocárdio, a mortalidade no primeiro ano é maior no sexo feminino, em relação
ao masculino (38% e 25% respectivamente). Outra característica da doença
cardiovascular no sexo feminino é a difícil caracterização dos sintomas.
Diferente dos homens, nas mulheres não é incomum encontrarmos sintomas
atípicos, infartos com pouca dor ou nenhuma dor, especialmente em idosas e
diabéticas. Durante a investigação para DAC em mulheres, frequentemente
utilizarmos o teste ergométrico como uma boa ferramenta de triagem. Porém,
devido à influência de hormônios femininos, ocasionalmente encontramos
alterações no eletrocardiograma, tanto no de repouso quanto no de esforço, que
podem ser interpretadas de maneira equivocada como "sugestivas de
isquemia", são os chamados exmaes "falsos positivos"
(especialmente em mulheres em idade fértil, que possuem uma baixa incidência de
doença coronariana). Para solucionar este problema, os cardiologistas, já
cientes deste fato, frequentemente lançam mão de exames de imagem, como o
Ecocardiograma com stress farmacológico ou a Cintilografia Miocárdica com
stress físico ou farmacológico.
A Cintilografia Miocárdica aumenta a acurácia
diangnóstica do teste ergométrico, para ambos os sexos, sendo muito útil para
identificar especialmente os casos de mulheres com testes "falsamente
positivos".
Referência: Medicina Nuclear: Da Metodologia à Clínica/Editora Annelise fisher
Thom, Paola Emanuela Poggio Smanio - São Paulo, Atheneu, 2007.
*Dr. André de Luca dos Santos - Cardiologista CRMSC 11.807
Título de especialista pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC),
pós-graduado em
Arritmologia Clínica - InCor - USP. Habilitação em Arritmologia Clínica
pela Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (SOBRAC)